Adaptações laborais na era digital

No cenário atual, as relações de trabalho tanto no Brasil quanto globalmente estão passando por transformações sem precedentes, impulsionadas pela era digital. O advento de tecnologias disruptivas, como inteligência artificial, automação e Internet das Coisas, tem reformulado não apenas os processos de trabalho, mas também as interações entre trabalhadores e seus ambientes de trabalho. Essas mudanças apresentam tanto oportunidades quanto desafios que precisam ser compreendidos e gerenciados de maneira eficaz.

Tecnologia criando alternativas de trabalho

Segundo um levantamento do Fórum Econômico Mundial, até 2027, espera-se a criação de 69 milhões de postos de trabalho globalmente, enquanto 83 milhões serão eliminados devido aos avanços tecnológicos. Essa dinâmica sugere uma significativa reconfiguração do mercado de trabalho, onde a tecnologia não apenas elimina empregos tradicionais, mas também cria novas oportunidades em campos que demandam novas habilidades e competências.

Dificuldades de encontrar mão de obra qualificada nas novas tecnologias

Um dos grandes desafios que emergem com a transformação digital é a escassez de mão de obra qualificada para ocupar as novas posições criadas. As habilidades requeridas para os empregos do futuro são substancialmente diferentes das demandadas no passado, criando um descompasso entre a oferta de qualificações profissionais e as necessidades do mercado. Isso exige uma reformulação do sistema educacional e de treinamento profissional para preparar adequadamente a força de trabalho para essa nova realidade.

Acessibilidade digital e a democratização da informação

A acessibilidade digital está se tornando um elemento central na democratização do acesso à informação e na inclusão social. Com a digitalização crescente de serviços e informações, garantir que todos tenham acesso igualitário às tecnologias digitais é crucial para evitar uma nova forma de desigualdade social. Este aspecto também reflete a necessidade de políticas públicas robustas que promovam a inclusão digital em todos os níveis da sociedade.

Teletrabalho se manterá como tendência?

O teletrabalho, impulsionado pela pandemia de COVID-19, mostrou-se não apenas uma solução temporária, mas uma tendência duradoura. A flexibilidade e a redução de custos operacionais são aspectos que favorecem sua continuidade. Contudo, para que se mantenha como uma opção viável a longo prazo, é fundamental desenvolver regulamentações que abordem os desafios relacionados à gestão de equipes remotas, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e questões de segurança da informação.

Com a adoção mais ampla do teletrabalho, emergem questões legais complexas que precisam ser endereçadas. Isso inclui a definição de horas de trabalho, compensações por uso de recursos pessoais, como energia e internet, e responsabilidades do empregador relacionadas à saúde e segurança do trabalhador em ambiente doméstico. A legislação precisa evoluir mais para acompanhar essas mudanças e garantir proteção tanto para trabalhadores quanto para empregadores.

Como iremos nos adaptar ao futuro do trabalho com o progresso tecnológico?

Adaptar-se ao futuro do trabalho exigirá uma abordagem multifacetada. Investimentos em educação e treinamento são fundamentais para desenvolver a força de trabalho do futuro. Além disso, as empresas precisarão revisar suas práticas de gestão e operação para aproveitar ao máximo as tecnologias disponíveis e ao mesmo tempo, cuidando para manter o ambiente de trabalho saudável e produtivo. Governos e instituições terão um papel crucial na criação de um quadro regulatório que suporte as novas formas de trabalho, ao mesmo tempo que protege direitos fundamentais dos trabalhadores.

A era digital não é apenas um catalisador para a mudança tecnológica, mas um convite para repensar como organizamos o trabalho, educamos nossa força de trabalho e regulamentamos nossas práticas trabalhistas. A adaptação bem-sucedida a esta nova era requer cooperação entre governos, instituições educacionais, empresas e trabalhadores, com o objetivo comum de criar um mercado de trabalho mais resiliente, justo e inclusivo.

O desafio é enorme e certamente o futuro também nos reservar muitas oportunidades que devem ser vistas com otimismo.

Silmara Bernardo, sócia do Viseu

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